Julho Verde revela hábitos nocivos que potencializam câncer de cabeça e pescoço
11/07/2024 13:02 por CeoncCampanha visa aumentar a conscientização
Cor da confiança, o verde remete à esperança e, no calendário das mobilizações mensais contra o câncer, dá o tom ao mês de julho, quando o Brasil se mobiliza para uma campanha nacional de conscientização contra o câncer de cabeça e pescoço. Embora a luta seja contínua, é em julho que se intensifica o alerta sobre os riscos, sintomas e a importância do diagnóstico precoce desta doença que, apesar de ser potencialmente fatal e capaz de deixar sequelas significativas, tem mais de 90% de chance de cura quando detectada e tratada precocemente.
“Uma ferida na boca, por exemplo, não é necessariamente só uma afta. Pode ser um câncer altamente mortal. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de tratamento eficaz e recuperação com menos sequelas”, exemplifica o médico do CEONC Hospital do Câncer, André Keijy Kajimura Petri, especialista em cancerologia, cancerologia cirúrgica e cirurgia geral.
A campanha, segundo o médico, visa conscientizar para que todos possamos reconhecer sinais precoces e de alerta para buscar ajuda médica rapidamente, além de conhecer os hábitos que podem aumentar o risco dessa neoplasia. “Toda a população está vulnerável, mas os fumantes são os mais suscetíveis, pois o tabagismo é o principal fator de risco e um risco evitável”, explica Dr. Petri.
Hábitos nocivos evitáveis
Além do tabaco, cigarros eletrônicos, consumo excessivo de álcool e o uso abusivo de bebidas quentes como chimarrão e café também são hábitos nocivos que podem ser evitados para prevenir doenças graves. Nos últimos anos, tem havido um aumento significativo de casos entre a população mais jovem, devido à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV), comum na prática de sexo oral desprotegido.
“Nem tudo pode ser câncer, mas o aparecimento de nódulo no pescoço, manchas brancas ou avermelhadas na boca, feridas que não cicatrizam em duas semanas, dor de garganta persistente, dificuldade ou dor para engolir e alterações na voz ou rouquidão por mais de 15 dias precisam ser investigados com mais atenção”, orienta o oncologista.
Segundo ele, todas as lesões ou aftas que não cicatrizam após duas a três semanas devem ser avaliadas por um médico, seja um dentista ou um oncologista cirurgião. A presença de massas no pescoço ou alterações persistentes na voz também são sinais de alerta que necessitam de investigação. “Esses sintomas são muitas vezes ignorados ou atribuídos a condições menos graves, mas a detecção precoce traz esperança de cura”, acrescenta.
Prevenir ainda é o caminho
O INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima para 2024 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço, incluindo tumores de boca (cavidade oral), laringe e tireoide, com maior incidência no sul do Brasil.
Embora não existam exames de detecção precoce específicos, atitudes como visita regular ao dentista, pelo menos uma vez ao ano, são recomendadas para avaliação da cavidade oral. “A orofaringe é uma área de alta incidência e deve ser examinada com atenção”, alerta o oncologista.
Para o diagnóstico, exames como laringoscopia e biópsias são utilizados para avaliar a extensão da lesão e confirmar a presença de câncer. A laringoscopia permite uma visualização detalhada das áreas afetadas, enquanto a biópsia confirma o diagnóstico por meio da análise do tecido.
90% de chance de cura
O tratamento do câncer de cabeça e pescoço é agressivo e geralmente inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Seguir as orientações médicas e não interromper o tratamento é indispensável para o sucesso. “Nos estágios iniciais, as chances de cura podem ser superiores a 90%”, ressalta Dr. Petri.
Com anos de experiência na oncologia, ele observa que a dedicação do paciente durante o tratamento é fundamental para aumentar as chances de recuperação completa. “Os tratamentos, apesar de serem intensivos, visam não apenas a cura, mas também a preservação das funções vitais e a qualidade de vida do paciente”, finaliza.
Sobre a Data
O dia 27 de julho foi escolhido durante o 5º Congresso Mundial da Federação Internacional das Sociedades Oncológicas de Cabeça e Pescoço, realizado em Nova Iorque em 2014. Desde então, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) instituiu o Julho Verde no Brasil, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), da União Internacional para o Controle do Câncer e do governo brasileiro, que em 2022 instituiu o mês de julho oficialmente como o Mês Nacional do Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço pela Lei nº 14.328.