Prevenção e diagnóstico precoce são essenciais no combate ao câncer bucal

Saiba mais sobre esse tipo de câncer

Tabagismo, etilismo crônico, desnutrição, imunossupressão, HPV e má higiene são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer bucal. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as estimativas para 2020, último ano com dados disponíveis no site, eram de 15.190 novos casos da doença. Desses, 11.180 eram em homens e 4.010 em mulheres. Diante dos números, o dia 20 de março foi instituído como o dia oficial de prevenção do câncer bucal e, nesse sentido, o principal objetivo é alertar a população sobre os fatores de risco e formas de cuidado e prevenção.

Segundo a médica oncologista clínica do CEONC Cascavel, doutora Jordana Yaguchi Resende, o câncer bucal costuma responder bem ao tratamento e a maioria dos casos são em homens acima dos 40 anos.

“Em geral, a cirurgia e o tratamento com quimioterapia e radioterapia possuem uma grande chance de cura e resolução. Óbvio que depende do estágio clínico da lesão, mas já é um sinal positivo para o tratamento”, indica a médica.

Dentre os principais sintomas, está o surgimento de uma ferida que não cicatriza e continua sangrando mesmo que o paciente realize algum tipo de tratamento. Além disso, também podem aparecer lesões esbranquiçadas na boca, dormência inespecífica na língua, sangramento e, em casos mais avançados, problema de fala, dores e nódulos cervicais.

Frente a esses sinais, a pessoa deve primeiramente procurar atendimento médico ou odontológico.

“É preciso fazer a biópsia dessa lesão para saber se é câncer ou não. Se o resultado for positivo, é preciso procurar um médico, que vai analisar o quadro geral e poderá indicar para um oncologista definir o tratamento oncológico a ser realizado”, elucida Jordana.

Tratamentos
A partir do momento em que a doença é diagnosticada, ela pode ser tratada de diversas formas. Segundo a médica, com o diagnóstico precoce, é possível que só o dessecamento da lesão já baste. Em casos mais avançados, é possível fazer cirurgia e, na sequência, realizar quimioterapia e radioterapia. Em casos mais graves, quando a cirurgia não é indicada de forma inicial, o tratamento é exclusivo com quimioterapia e radioterapia.

“É possível fazer uma aplicação semanal de quimio ou três aplicações a cada 20 dias. É um tratamento sofrido porque a região irradiada faz ferida, o paciente perde peso porque não consegue ter uma alimentação adequada. Por isso que esses pacientes de quimioterapia mais radioterapia precisam de uma avaliação multidisciplinar”, conclui.

Fatores de risco e prevenção
O câncer bucal pode acometer tanto os lábios quanto a cavidade bucal, além de gengiva, palato duro, palato mole ou mais para trás, região chamada da orofaringe. Segundo Jordana, os fatores de risco do câncer bucal são muito claros: o tabagismo, o etilismo, má higienização e infecção pelo vírus HPV.

“São coisas muito pontuais. Ou seja, não faça para não ter. Quanto mais a pessoa fuma ou bebe, mais tem a chance de desenvolver a doença. Além disso, muitas das lesões bucais ocorrem por conta da infecção pelo vírus HPV, ou seja, fazer sexo desprotegido pode aumentar o risco de exposição a essa doença. Dessa forma, a relação é clara: quanto mais se evita esses hábitos e essas atitudes de risco, menores são as chances de se desenvolver algum câncer na cavidade oral”, esclarece a médica.

A prevenção do câncer bucal é o estilo de vida. Por isso a importância de um dia específico para falar sobre o assunto.

“Precisamos alertar o paciente que é tabagista há muitos anos, o paciente que é etilista crônico e a toda a população sobre os riscos. É uma doença importante, que aumenta a demanda do SUS e que exige o envolvimento de toda uma equipe multidisciplinar no processo. Os fatores que leva ao câncer de boca e pescoço são preveníveis e por isso a data é importante: ela nos leva a refletir sobre hábitos e atitudes que podem melhorar a nossa saúde, evitar doenças e ainda reforça a importância da vacinação contra o HPV. Uma vacina gratuita, disponível para o público e que pode mudar vidas”, conclui Jordana.